terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A expressão artística...

O fazer artístico não é uma forma de relaxamento e lazer, nem uma substituição da realidade; é, sim, uma ampliação de nossa vitalidade interior.
Criar representa uma intensificação de vida.
A capacidade de renovação e mudanças, inerente à criatividade humana, necessita de condições reais para seu exercício e concretização; se frustrada em suas possibilidades, gera repetição e decadência.
Quando existem no indivíduo determinados potenciais latentes, há motivações constantes para exercê-los, já que se manifestam através de necessidades interiores por uma vida mais plena e significativa.
Ao utilizar suas potencialidades em todos os aspectos da existência, seja no trabalho ou em diversas circunstâncias e fazeres, o homem configura sua vida e lhe dá um sentido.
Quando a pressão por ausência de perspectivas se torna muito forte, há um enrijecimento dos processos de criação caracterizados pela repetição de padrões antigos e dificuldades para mudanças.
Conformismo e falta de flexibilidade são sintomas que podem ter se originado em impulsos inovadores reprimidos na história de cada um.
Esses problemas tendem a se agravar na velhice, pela falta de estímulos e oportunidades.
Torna-se necessário mobilizar os processos criativos, na tentativa de amenizar e mesmo anular possíveis sentimentos de estagnação ou conformismo na terceira idade, trazendo à vida novas expectativas e possibilidades.
A criatividade traz consigo aspectos revolucionários, para facilitar mudanças e transformações no decorrer da existência, especialmente durante a nobre etapa de vida enfrentada na terceira idade.
O propósito da arte é a comunicação de sentimento para sentimento entre diferentes pessoas, que se estabelece através de formas harmoniosas e suas relações, as quais estimulam sensações ou geram prazer estético.
A arte torna visível o invisível.
Criar não é uma solução para apaziguar-se ou relaxar; pelo contrário, as criações devem ser vistas como revolucionárias.
Como trazem novas visões de vida, agitam e intensificam nosso mundo interior.
Apesar das diferenças dos meios empregados pelos artistas para comunicarem suas idéias e emoções, a qualidade comum a todas as artes é dar forma e substância à imaginação integrada à sensibilidade e intuição.
Fayga Ostrower, em seu livro Criatividade e processos de criação, entende que a bússola do artista é a sensibilidade, pois é através dela que a criação se articula. A sensibilidade é intuitiva em sua origem, porque apreende globalmente a realidade sem análise racional.
No terreno da estética, é uma aptidão para entrar em ressonância ou sincronia com o mundo que nos cerca, através de suas imagens, formas, cores, sons e movimentos, captando silenciosamente sua expressividade latente.
Nunca é tarde para exercitar a sensibilidade que existe latente em cada um de nós.
E quem é sensível tem, indiscutivelmente, capacidade para se abrir às artes.
Na verdade, é o primeiro passo para se aventurar por trilhas de inusitadas sensações, sejam visuais ou auditivas, que, em suma acrescentam e enriquecem a vida interior do homem. (Andrade, 1999, p. 192).
A industrialização, multiplicada pelo consumismo, é uma mistura letal que pode acabar com a sensibilidade, porque vai gerando, pelo excesso de propaganda e padrões, uma rigidez em nosso aparato sensorial, limitando nossas percepções e experiências.
Olhamos sem ver, escutamos sem ouvir; sentimos a vida de forma irreal, motivados pelos rótulos e modelos pré-fabricados da modernidade; podemos ir perdendo a sintonia com a vida e nossos sentimentos e nos distanciamos de nossa autenticidade.
Estereótipos repetitivos e limitadores, uma vez gravados em nossa memória, são persistentes mas poderão desaparecer através de exercícios nos quais percepção, imaginação e atividades artísticas estejam integradas, propiciando assim crescimento pessoal.
Citamos como exemplo, na área das artes visuais, os desenhos de idosos.
Geralmente, para executá-los, eles utilizam imagens preestabelecidas, de esquemas conservados na memória, alguns desde a infância, cujo resultado são traços rígidos e sem vida.
A qualidade dos trabalhos melhora quando, através de exercícios, entre os quais os de observação, desenvolve-se uma percepção mais sensível capaz de captar a expressão e movimentos do modelo exposto, e fixá-lo na superfície desejada, independentemente de uma previsão estereotipada.

Fonte: Internet.

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