sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A música e a vacuidade...

Adoro música e sempre gostei de diversos tipos de música.
Mas como tudo que é refinado, a música de qualidade, apesar de divina é também pouco conhecida.
As pessoas precisam ter uma sensibilidade e uma alma diferenciada para compreender, pesquisar e gostar de música de qualidade.
A música que nos é imposta pelas grandes gravadoras e a televisão são comentários à parte que não me permito fazer neste momento.
Depois que eu aprendi o que é “vacuidade”, ou seja, o potencial oculto nas coisas e o valor que damos para tudo em nossas vidas, descobri uma coisa:
- a música e sua época.
As pessoas sempre falam que as músicas da sua época são as melhores.
Por que?
Por que eu gosto de bossa nova, de musica do Vale do Jequitinhonha e do clube da esquina?
Porque o meu primeiro amor, o meu primeiro carro e o meu primeiro tudo foram embalados por estas músicas.
Por isso as músicas da nossa tenra idade, quando estamos cheios de amor e esperança, se tornam inesquecíveis.
Quando falo que adoro os músicos do “Vale” e que sei cantar algumas de suas canções, todos hoje se surpreendem, mas quando eu tinha 20 anos, todos nós adorávamos.
Meu marido R adora bolero.
Sabem por quê?
Quando tinha seus vinte e poucos anos, ele adorava os bailes de Lavras e Uberaba e dançar bolero o faz reviver os mesmos sentimentos que descrevi acima.
Mas quando eu coloco a minha seleção musical preferida, o Daniel, meu amigo de 15 anos, simplesmente detesta.
Fiz então uma seleção de música eletrônica que ele gosta e sabe que depois que comecei a escutar, estou adorando.
Porque gosto muito do Daniel, da sua sensibilidade e alegria.
Outro dia em um bar, com uma turma de amigos, na despedida de meu irmão C de Belo Horizonte, minha amiga Sil me desmascarou.
Ela começou a contar a nossa vida quando tínhamos 20 anos e trabalhávamos juntas.
Saíamos com a turma, viajávamos e eu não tinha que dar satisfação a ninguém, pois nesta idade já morava sem meus pais e vivia do meu trabalho.
Trabalhávamos numa empresa familiar com preceitos religiosos e amigos que nos ajudou a moldar o nosso caráter.
Então a máscara de filha abandonada caiu.
Eu era famosa pela minha luta pela sobrevivência, buscando sempre agregar valor ao meu trabalho e confesso que fui a primeira a obter um cargo de gerente financeiro das empresas do Grupo e talvez em BH.
Sil, que conhece como poucos a minha história, também não consegue entender como eu tive depressão.
Falarei em um post futuro sobre a minha doença, de como a venci e desta nova virada em minha vida.
Claro que o piadista do meu irmão C teve que sair com essa:
- Sempre te dei valor porque você tinha tudo para ser a Christiane F.
Lembram do filme?
Com meus amigos daquela época por perto, meus novos amigos jovens e maravilhosos e o aprendizado de que o peso da vida somos nós que colocamos, retomei a minha esperança, alegria, liberdade e principalmente a vontade de viver dos anos de juventude.
Estou adorando fazer as minhas viagens à Ouro Preto e ao Rio de Janeiro.
Por que são especiais?
Talvez pelo valor que eu dou a elas nesta nova fase de minha vida, quando já com 50 anos, reaprendo que viver vale a pena.
Nestas cidades, hoje, encontro amor e esperança, amigos e as artes que tanto amo.
Pensando nisso tudo, sabe quais as músicas que mais gosto?
Todas as músicas de qualidade.
As dos meus 20 anos, os consagrados, as revelações como meu irmão C e agora estou aprendendo a apreciar também a música erudita, já que me tornei habitué dos concertos da Filarmônica de Minas Gerais.

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